sábado, 31 de maio de 2014

Aos poucos

Aos poucos

 (Um poema de William Vicente Borges)

Aos poucos eu vou te perdendo

Por um inimigo oculto

Que vem te arrebatando

Usando um jogo sujo.

Pense bem. Pense bem!
Eu ainda te amo.
Sonhamos com grande coisas
Que nunca realizamos
Brincamos de bons amigos
Mas nunca  o fomos.

Cada palavra, cada gesto
Foi aos poucos nos afastando?
Ou será que foi a falta de palavras,
A falta de gestos.

Pense bem. Pense bem!
Podemos começar de novo.
De onde paramos, ou será
Que realmente algum dia
Começamos?

Não chore! Já choramos muito
Um pelo outro.
Não fuja! Já fugimos muito
Um do outro.
Não discuta! Já discutimos muito
Um com o outro.

Vamos orar! Pois não oramos muito
Um pelo outro.
Há muito não oramos os dois.
__ Por motivos nossos apenas.
Por  nós dois.



Aos poucos vou te perdendo
Sem querer te perder.
Isto não pode acontecer
Pois perdendo você
Não restará muito de mim.

Eu te amo!
Não feche a porta
Não me diga que vai embora
Me dê uma chance de mostrar-lhe
Que ainda podemos ser felizes.



Aos poucos você me perdeu

Não foram palavras, nem gestos

Fui eu.

Não percebi que também te perdia
Com o tempo que passava
Sem tantas coisas resolvidas.

Não dá para não fechar a porta
Agora é difícil ficar de frente
E encarar que um dia te amei
Mais que a mim mesma.

Isto não tem haver com felicidade
Sempre fomos felizes
Cada um a seu modo.
Cada um como quis.

Queria que não fosse assim
Tão dolorido.
Tão traumático.
Este adeus.

Recomeçar. Depois de tantos recomeços?

Não.
Não saberia por onde começar
Depois de tantas tentativas
Perdi o jeito. Perdi a razão.

Aos poucos nos perdemos
Você e eu.



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 William Vicente Borges
Primavera de 1999


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