É PRÓPRIO DE NÓS DOIS
por: William Vicente
Borges
É
próprio de nós dois , esquecer do mundo que nos cerca só para ficarmos juntos
num momento eternizado na história da esperança.
É próprio de nós dois, permitirmos que o dia vire noite e
a noite vire dia sem nos apercebermos que o tempo está passando a nossa volta
tentando nos parar.
É próprio de nós dois , olharmos um para dentro do
coração do outro e ainda assim imaginarmos que de alguma maneira ainda existem
sentimentos que ainda não foram examinados em toda a sua intensidade.
É próprio de nós dois, rirmos até o extremo da alegria e
logo em seguida chorarmos a distância que nos é imposta , que nos é proposta e
que ainda assim é a nossa sorte.
É próprio de nós dois, rirmos um do outro e chorarmos um
do outro num misto de prazeres e dores que inexoravelmente nos arremetem ao
limiar das nossas emoções mais profundas , que nos deixam as vezes mudos e sem
ter a mínima vontade de entender nada.
É próprio de nós dois, corrermos o risco de estarmos num
interminável colóquio emocional onde permeiam o amor e o respeito em doses nem
sempre homeopáticas.
È próprio de nós dois, lermos os pensamentos um do outro,
ou será lermos só o que nos interessa saber numa cumplicidade total de
vontades.
É próprio de nós dois, nos darmos as mãos e não querer
soltar mais, querendo que tudo nos fosse favorável até que o infinito nos
presenteasse com a segurança que ansiamos.
É próprio de nós dois, tentarmos disfarçar sentimentos
que hoje nos são totalmente impróprios, mas que cabe bem em nossa concha
submarina que se chama amar.
É próprio de nós dois, sermos mais que amigos , sermos
mais que almas, sermos mais que dois, sermos um, um só momento, sentimento,
cabimento, acanhamento, e ainda assim não admitirmos nada que vá além do puro e
simples momento de conversar.
É próprio de nós dois, querermos olhar o futuro e não nos
vermos lá, juntos, caminhando, ou de joelhos a orar, como se tudo já estivesse
traçado e que nada nem no céu e nem na terra fosse capaz de alterar, mas ao
mesmo tempo vagueia no interior mais distantes de nossas almas uma esperança
bem vaga de que pelo menos antes do tempo final de cada um, possamos ter a
chance de pelo menos uma vez só, só uma vez, talvez possamos nos encontrar para
sempre.
É próprio de nós dois, querermos ir além do que os outros
podem ir, sem receio de sermos felizes novamente sem medo de fracassar ou do
que os outros irão pensar.
É próprio de nós dois, nos olharmos no espelho e nos
sentirmos um pouco pequenos, sem jeito e pensarmos: já que Deus ousou nos
abençoar , Ele poderia ter nos feito um pouco maiores ou mais bonitos, e é aí
que nos enganamos mais uma vez . Pois Deus quer nos abençoar como Ele nos fez.
É próprio de nós dois, amarmos intensamente e por isso
sofrermos também e para piorar ter a terrível mania de sempre se apaixonar na
hora errada, pela pessoa certa, no tempo errado.
É próprio de nós dois, olharmos demais para as nossas
incapacidades ao invés das possibilidade, e se rompemos e seguimos em frente é
por pura obra da providencia.
É próprio de nós dois, ser, e realmente ser quem somos ,
sem máscaras ou dissimulações, e isso é o mais chocante, pois sendo quem somos
estamos fadados a parar de nos contatar, a parar de nos alegrar.
É próprio de nós dois, não fazermos loucuras, não
agora,não neste momento, não neste tempo, não neste contexto de vida, tua vida,
muitas vidas que estão ao redor das nossas e que no sugam sem parar.
É próprio de nós dois, sonharmos um com o outro, mas sem
deixar que tudo não passe de um sonho, só para lembrar depois.
É próprio de nós dois, nos abraçarmos, darmos as mãos,
olhar nos olhos e dizer coisas um para outro que nunca serão esquecidas vivendo
o vértice da imaginação e realidade.
É próprio de nós dois, pegarmos o papel e nele colocarmos
nossas palavras mais vivas, mas ao mesmo nunca escrever o que no coração foi
gravado com fogo, e que só nós podemos ler.
É próprio de nós dois, esta razão sempre presente, este
juízo sempre inerente, que nos refreia, que inibe as palavras, os sentimentos,
que nos induz a não continuar e que um dia dirá de forma implacável: __Se
afastem!
É próprio de nós dois, esperarmos pelo dia do não, pelo
dia do adeus, pelo dia da separação, pelo dia da distância, pelo dia do
inevitável fim de nossos momentos, sonhos, ilusões e tudo o mais que acompanha
este amor infinito.
Mas ainda bem que é próprio de nós dois, guardarmos as
lembranças.
Mas ainda bem que é próprio de nós dois, nunca se
esquecer de quem foi especial um dia.
Mas ainda bem que é próprio de nós dois, nutrirmos sempre
uma mínima fagulha de fé de que Deus marcará na eternidade um momento para nos
revermos.
Mas ainda bem que é próprio de nós dois, entender bem que
tudo o que nos aconteceu foi inicio e que os sentimentos foram únicos, que os
motivos foram puros.
Mas ainda bem que é próprio de nós dois, remexermos nas
lembranças antigas e nos depararmos com algo que nos faça lembrar um do outro,
então choremos de saudade, mas também de alegria agradecidos porque tantos
momentos maravilhosos existiram.
Porquê tudo isso é bem próprio de nós dois.
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