Aos poucos
(Um poema de William Vicente Borges)
Aos
poucos eu vou te perdendo
Por um inimigo
oculto
Que vem
te arrebatando
Usando um jogo
sujo.
Pense bem.
Pense bem!
Eu ainda te
amo.
Sonhamos com
grande coisas
Que nunca
realizamos
Brincamos de
bons amigos
Mas nunca o fomos.
Cada palavra,
cada gesto
Foi aos poucos
nos afastando?
Ou será que
foi a falta de palavras,
A falta de
gestos.
Pense bem.
Pense bem!
Podemos
começar de novo.
De onde
paramos, ou será
Que realmente
algum dia
Começamos?
Não chore! Já
choramos muito
Um pelo outro.
Não fuja! Já
fugimos muito
Um do outro.
Não discuta!
Já discutimos muito
Um com o
outro.
Vamos orar!
Pois não oramos muito
Um pelo outro.
Há muito não
oramos os dois.
__ Por motivos
nossos apenas.
Por nós dois.
Aos poucos vou
te perdendo
Sem querer te
perder.
Isto não pode
acontecer
Pois perdendo
você
Não restará
muito de mim.
Eu te amo!
Não feche a
porta
Não me diga
que vai embora
Me dê uma
chance de mostrar-lhe
Que ainda
podemos ser felizes.
Aos poucos
você me perdeu
Não
foram palavras, nem gestos
Fui eu.
Não percebi
que também te perdia
Com o tempo
que passava
Sem tantas
coisas resolvidas.
Não dá para
não fechar a porta
Agora é
difícil ficar de frente
E encarar que
um dia te amei
Mais que a mim
mesma.
Isto não tem
haver com felicidade
Sempre fomos
felizes
Cada um a seu
modo.
Cada um como
quis.
Queria que não
fosse assim
Tão dolorido.
Tão
traumático.
Este adeus.
Recomeçar.
Depois de tantos recomeços?
Não.
Não saberia
por onde começar
Depois de
tantas tentativas
Perdi o jeito.
Perdi a razão.
Aos poucos nos
perdemos
Você e eu.
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William Vicente Borges
Primavera
de 1999